Estive a pensar num tema para um post do blog e pensei: por que não Paulo Freire? Na verdade, percebi que o meu conhecimento acerca do educador e filósofo brasileiro era bastante superficial para alguém que já estudou a prática do ensino no Brasil. Por isso, resolvi ler mais sobre Paulo Freire e também investigar que ligação poderíamos estabelecer entre as suas ideias e a metodologia ABP, que desenvolverei no próximo post comparando a metodologia de problematização e de ABP.
Paulo Freire foi bastante falado no Brasil durante o governo
de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Uma das campanhas ideológicas deste grupo
político era para deslegitimar o legado do educador, tento apresentado até projetos
de lei para que o seu nome fosse retirado como patrono da educação no Brasil.
Que contradição não, um grupo que se diz nacionalista a querer desconstruir um
brasileiro autor da terceira obra mais citada no mundo inteiro no campo das ciências
sociais?
Afinal a contradição não é tanta.
A pedagoga Dagmar Zigmas, quando perguntada sobre o motivo de
tanta perseguição ao Paulo Freire, responde: “Um educador, que ajude o aluno a
compreender-se como protagonista de sua própria história, da história de sua
comunidade e de seu país, será sempre considerado um perigo por quem pretende
calar a voz daqueles que nunca tiveram vez nas dinâmicas de poder do Estado e
da sociedade”[1].
Sintetiza um pouco do ideal de pedagogia que Paulo Freire tinha.
Paulo Freire nasceu em 1921, em Recife no estado de Pernambuco.
Formou-se em direito, mas não seguiu a carreira e seguiu a carreira de
professor. Fez diversos trabalhos de alfabetização. Coordenava o Plano Nacional
de Alfabetização do presidente João Goulart, quando em 1964 foi preso pela
ditadura militar tendo ficado 70 dias preso antes de ir para o exílio.
Esteve exilado no Chile, no Canadá, Estados Unidos, Suíça e
coordenou planos de alfabetização em países africanos. Voltou para o Brasil em
1979 tendo seguido carreira universitária e sido secretário municipal de
Educação de São Paulo (SP), durante o mandato do Partido dos Trabalhadores.
Paulo Freire tem uma obra vastíssima, tendo sido traduzidas
em mais de 20 idiomas. Foi nomeado doutor Honoris Causa em 28 universidades de
diversos países. Morreu em 1997 e em 2012 foi declarado o Patrono da Educação
Brasileira.
Freire gostava de afirmar que não tinha uma metodologia de
ensino, fazia reflexões sobre a prática.
No seu livro “Pedagogia do Oprimido” criticava a educação tradicional
como uma educação bancária, onde quem aprende é tratado como um lugar onde se
deposita verdades, não sendo por isso um processo de aprendizagem, que exige diálogo.
Defendia que aprender é partir do conhecimento sistematizado, problematizar
esse conhecimento e buscar a compreensão para além do que é dito. Afirmava que
aprender era parte da construção do sujeito como ser humano e também um
instrumento de transformação da realidade.
Freire, apresenta um pensamento crítico frente à realidade
do educando, do educador e do sistema educacional. E por isso, afeta a todos
que precisam da falta conhecimento e informação para se manter.
Referência:
Kohan, Walter (2019). Paulo Freire, mais do que nunca: uma
biografia filosófica. (1. ed.) Vestígio.
Muito bom Joana, Paulo Freire é sem dúvida uma fonte de inspiração para todos os professores que querem dar autonomia, liberdade e estimular o crescimento e a transformação do indivíduo e a sua construção enquanto pessoa. Por iss, esta relação da sua filosofia da educação e a ABP não poderia ser mais adequada.
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