Diferenças e semelhanças entre a metodologia de problematização e a metodologia ABP

Conectada com as reflexões de Paulo Freire, foi desenvolvida a metodologia de problematização onde os problemas são identificados pelos alunos através da sua observação da realidade, ou seja, a realidade é problematizada pelos alunos.

Esta metodologia é desenvolvida em arco (Arco de Maguerez), como vemos na imagem:


 A metodologia da Problematização parte de observar a realidade de maneira crítica, com o objetivo de relacionar a realidade com os conteúdos em estudo. Tendo elencado os aspetos problemáticos, os alunos e professores devem classificá-los utilizando critérios de prioridade, a fim de definir quais serão estudados e com qual profundidade. Concluída esta análise o indivíduo é estimulado a refletir sobre quais são os pontos chaves destes problemas, que vão determinar a etapa da Teorização, onde buscam embasamentos para avaliarem estes pontos chaves. Após essa etapa de teorização, outra reflexão é necessária, a elaboração das possíveis hipóteses de solução, assim como os aspetos problemáticos, estas hipóteses devem ser classificadas, construindo assim as medidas possíveis que podem ser tomadas para a transformação (GEEEP).

Em um artigo de comparação entre as metodologias de problematização e ABP, Decker e Bouhouijs (2016) salientam que ambas as metodologias valorizam a experiência e o contexto, partem de problemas reais, são focadas nas atividades significativas colocando o aluno como sujeito ativo no processo de aprendizagem e que o trabalho é feito em equipas. E apontam como principal diferença entre as duas metodologias o processo de construção de hipóteses para a resolução do problema. Uma vez que na problematização as hipóteses são construídas apenas depois da aquisição de conhecimento ou informações. Já em ABP, as tomadas de decisão no início do processo são crucias para todo o trabalho. Sendo que o professor cumpre também papeis distintos nas duas metodologias, em ABP o trabalho do aluno é muito mais autónomo e na problematização o professor é mais ativo no processo.

Apresentando diferentes caminhos para a aprendizagem, as duas metodologias têm pressupostos comuns, partindo da necessidade uma metodologia ativa, centrada no aluno e valorizando a reflexão crítica dos problemas do mundo real.


Referências:  

DECKER, Isonir da Rosa; BOUHUIJS, Peter A. J. (2016). Aprendizagem baseada em problemas e metodologia da problematização: Identificando e analisando continuidades e descontinuidades nos processos de ensino-aprendizagem. In: ARAÚJO, Ulisses F.; SASTRE, Genoveva. Aprendizagem baseada em problemas no Ensino Superior. (3ed.) Sumus.

GEEEP. A Metodologia da Problematização e suas etapas. In: http://www.uel.br/grupo-estudo/geeep/pages/sintese-das-discussoes/a-metodologia-da-problematizacao-e-suas-etapas.php

Juan Diaz Bordenave, Adair Martins Pereira (2015). Estratégias de ensino-aprendizagem. (33a ed.) Editora Vozes.


Autora da publicação: Joana Leme, nº 24600.  

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