A Aprendizagem Baseada em Problemas – a importância das metodologias ativas no Ensino de Geografia

 

A Aprendizagem Baseada em Problemas – a importância das metodologias ativas no Ensino de Geografia

Através da aprendizagem adquirimos conhecimentos, desenvolvemos competências e somos capazes de mudar os nossos comportamentos. A aprendizagem é um processo de mudança e o ensino, ao mesmo tempo que é um reflexo das mudanças ocorridas na sociedade, é o motor dessas mesmas mudanças, culturais, sociais e políticas.

As descobertas na psicologia cognitiva e as novas teorias da aprendizagem têm contribuído para que o ensino e a aprendizagem adquiram outras formas (Costa, 2014), mais consistentes com as mudanças da sociedade e do que se espera dos alunos no seu futuro como cidadãos ativos.

A Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL – Problem Based Learning) consiste numa metodologia ativa de ensino-aprendizagem centrada no aluno e que combina trabalho individual com o de pequenos grupos com vista à resolução de problemas (Cachinho, 2012). Diferente do ensino tradicional, centrado no professor, o ensino baseado na resolução de problemas está centrado no aluno, sendo o professor o mediador ou o facilitador no processo de aprendizagem. Nesta metodologia o aluno constrói o seu conhecimento a partir do que já sabe, ou seja, a partir do seu conhecimento prévio sobre um dado problema.

As Metodologias Ativas e as Aprendizagens Significativas

As metodologias ativas são modelos de ensino que visam desenvolver o envolvimento, a autonomia e a participação dos alunos na sua própria aprendizagem e conhecimento (Gonçalves, 2021). O aluno passa, assim, a sujeito ativo e comprometido com o seu processo de aprendizagem e com a realidade que o envolve, assumindo um papel crítico e participativo desta. A autonomia do aluno é a verdadeira e mais importante aprendizagem ao se aplicarem e desenvolverem as metodologias ativas, o que implica desenvolver múltiplas competências, ou como aprender a aprender: aprender a pesquisar, a praticar uma leitura e escuta ativas, a tomar notas, a levantar questões e dúvidas pertinentes, a sintetizar conhecimentos e a trabalhar e a cumprir tarefas quer em grupo, quer individualmente.

As metodologias ativas de aprendizagem não se baseiam na tradicional transmissão de informação e conhecimento onde ao aluno é dado o papel de simples recetor passivo dos ensinamentos expositivos do professor (Gonçalves, 2021), mas passa a assumir um papel ativo no seu processo de aprendizagem, sendo que ao professor cabe o papel de tutor e mediador desse mesmo processo. De um ensino centrado no professor passamos a um ensino centrado no aluno e para uma abordagem que estimula o interesse dos alunos e a sua aprendizagem, contribuindo para a aquisição de conhecimentos sólidos e com implicações práticas na sua vida. Cada aluno é um individuo único, imerso em contextos diversificados e que devem ser considerados no sistema de ensino, algo que não ocorre num sistema tradicional centrado no professor, em métodos expositivos e na memorização do aluno, um modelo de ensino “massificado e uniformizado” (Costa, 2014, p. 5) que não se enquadra mais na atual sociedade do conhecimento e da informação.

Entre outras metodologias ativas a Aprendizagem Baseada em Problemas tem provado a sua eficácia na aquisição de aprendizagens significativas. Por vezes confundida com a metodologia de resolução de problemas, na ABP os alunos são levados a encontrar estratégias de resolução de problemas, sendo os problemas “o veículo através do qual os estudantes têm a oportunidade de reelaborar os conhecimentos e desenvolver um vasto conjunto de competências” (Cachinho, 2012, p. 60). A aplicação desta metodologia ativa no ensino de Geografia contribui para que os alunos adquiram não só conhecimentos substanciais e processuais relativos à disciplina, como para o desenvolvimento de competências instrumentais, interpessoais e sistémicas com impactos ao nível da sua vida pessoal e quotidiana (Cachinho, 2012).

O professor deverá, assim, ter em conta que para cativar e incentivar os alunos a assumirem uma postura crítica e engajada na resolução de um problema este deve suscitar questões pertinentes e a busca de soluções/respostas criativas e imaginativas e que permitam igualmente a aquisição de conhecimentos e competências cognitivas, processuais e atitudinais. Para isto é importante o foco do professor na construção de cenários de elevada qualidade, com objetivos de aprendizagem bem definidos, porque da qualidade dos cenários depende “a qualidade das experiências de aprendizagem” (Cachinho, 2012, p. 61).

Um cenário pode assumir múltiplas formas, desde a leitura de um artigo científico, à leitura de um artigo de imprensa até ao visionamento de um documentário, porém importa que reúnam um conjunto de princípios como o de despertar o interesse, estabelecer uma ponte entre as experiências e as vivências dos alunos e o conteúdo do problema, centrarem-se em conceitos-chave da disciplina e serem capazes de ser simultaneamente um desafio intelectual e um entretenimento (Cachinho, 2012).

Aprendizagens significativas


Cachinho, H. (2012). Criando experiências de aprendizagem significativas: do potencial da Aprendizagem Baseada em Problemas. El Hombre y la Máquina (40), 58-67.

Costa, J. V. P. da (2014). A escola na educação para a mudança e a intervenção ativa na sociedade a experiência "i9Atlântico" [Master´s Thesis, Universidade de Lisboa, Instituto de Geografia e Ordenamento do Território]. Repositório da Universidade de Lisboa. https://repositorio.ul.pt/handle/10451/20425?mode=full

Gonçalves, H. I. F. (2021). Metodologias Ativas de Aprendizagem no Ensino de Geografia [Master´s Thesis, Faculdade de Letras da Universidade do Porto]. Repositório Aberto da Universidade do Porto. https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/135846




Comentários

  1. Olá Fernanda, gostei muito do post e estava a pensar fazer um post com o mesmo enfoque. Uma vez que num país onde 30% das crianças dizem não gostar da escola, pensar em metodologias que despertem o interesse do aluno é um grande desafio para os professores.

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  2. Fernanda, concordo com a Joana que o post é muito informativo sobre a metodologia e o seu potencial no desenvolvimento das aprendizagens significativas.

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