A
Aprendizagem Baseada em Problemas – a importância das metodologias ativas no
Ensino de Geografia
Através da aprendizagem adquirimos conhecimentos, desenvolvemos competências e somos capazes de mudar os nossos comportamentos. A aprendizagem é um processo de mudança e o ensino, ao mesmo tempo que é um reflexo das mudanças ocorridas na sociedade, é o motor dessas mesmas mudanças, culturais, sociais e políticas.
A Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL – Problem Based
Learning) consiste numa metodologia ativa de ensino-aprendizagem centrada
no aluno e que combina trabalho individual com o de pequenos grupos com vista à
resolução de problemas (Cachinho, 2012). Diferente do ensino tradicional,
centrado no professor, o ensino baseado na resolução de problemas está centrado
no aluno, sendo o professor o mediador ou o facilitador no processo de
aprendizagem. Nesta metodologia o aluno constrói o seu conhecimento a partir do
que já sabe, ou seja, a partir do seu conhecimento prévio sobre um dado problema.
As Metodologias Ativas e as
Aprendizagens Significativas
As metodologias ativas são modelos de ensino que visam
desenvolver o envolvimento, a autonomia e a participação dos alunos na sua
própria aprendizagem e conhecimento (Gonçalves, 2021). O aluno passa, assim, a
sujeito ativo e comprometido com o seu processo de aprendizagem e com a
realidade que o envolve, assumindo um papel crítico e participativo desta. A
autonomia do aluno é a verdadeira e mais importante aprendizagem ao se
aplicarem e desenvolverem as metodologias ativas, o que implica desenvolver
múltiplas competências, ou como aprender a aprender: aprender a pesquisar, a
praticar uma leitura e escuta ativas, a tomar notas, a levantar questões e
dúvidas pertinentes, a sintetizar conhecimentos e a trabalhar e a cumprir
tarefas quer em grupo, quer individualmente.
As metodologias ativas de aprendizagem não se baseiam na
tradicional transmissão de informação e conhecimento onde ao aluno é dado o
papel de simples recetor passivo dos ensinamentos expositivos do professor (Gonçalves,
2021), mas passa a assumir um papel ativo no seu processo de aprendizagem, sendo que ao professor cabe o papel de tutor e mediador
desse mesmo processo. De um ensino centrado no professor passamos a um ensino
centrado no aluno e para uma abordagem que estimula o interesse dos alunos e a sua
aprendizagem, contribuindo para a aquisição de conhecimentos sólidos e com
implicações práticas na sua vida. Cada aluno é um individuo único, imerso em
contextos diversificados e que devem ser considerados no sistema de ensino,
algo que não ocorre num sistema tradicional centrado no professor, em métodos
expositivos e na memorização do aluno, um modelo de ensino “massificado e
uniformizado” (Costa, 2014, p. 5) que não se enquadra mais na atual sociedade
do conhecimento e da informação.
Entre outras metodologias ativas a Aprendizagem Baseada em
Problemas tem provado a sua eficácia na aquisição de aprendizagens
significativas. Por vezes confundida com a metodologia de resolução de problemas,
na ABP os alunos são levados a encontrar estratégias de resolução de problemas,
sendo os problemas “o veículo através do qual os estudantes têm a oportunidade
de reelaborar os conhecimentos e desenvolver um vasto conjunto de competências”
(Cachinho, 2012, p. 60). A aplicação desta metodologia ativa no ensino de
Geografia contribui para que os alunos adquiram não só conhecimentos
substanciais e processuais relativos à disciplina, como para o desenvolvimento
de competências instrumentais, interpessoais e sistémicas com impactos ao nível
da sua vida pessoal e quotidiana (Cachinho, 2012).
O professor deverá, assim, ter em
conta que para cativar e incentivar os alunos a assumirem uma postura crítica e
engajada na resolução de um problema este deve suscitar questões pertinentes e
a busca de soluções/respostas criativas e imaginativas e que permitam igualmente
a aquisição de conhecimentos e competências cognitivas, processuais e
atitudinais. Para isto é importante o foco do professor na construção de
cenários de elevada qualidade, com objetivos de aprendizagem bem definidos,
porque da qualidade dos cenários depende “a qualidade das experiências de
aprendizagem” (Cachinho, 2012, p. 61).
Cachinho, H. (2012). Criando experiências de aprendizagem
significativas: do potencial da Aprendizagem Baseada em Problemas. El Hombre
y la Máquina (40), 58-67.
Costa, J. V. P. da (2014). A escola na educação para a
mudança e a intervenção ativa na sociedade a experiência
"i9Atlântico" [Master´s Thesis, Universidade de Lisboa, Instituto
de Geografia e Ordenamento do Território]. Repositório da Universidade de
Lisboa. https://repositorio.ul.pt/handle/10451/20425?mode=full
Gonçalves, H. I. F. (2021). Metodologias Ativas de
Aprendizagem no Ensino de Geografia [Master´s Thesis, Faculdade de Letras
da Universidade do Porto]. Repositório Aberto da Universidade do Porto. https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/135846
Olá Fernanda, gostei muito do post e estava a pensar fazer um post com o mesmo enfoque. Uma vez que num país onde 30% das crianças dizem não gostar da escola, pensar em metodologias que despertem o interesse do aluno é um grande desafio para os professores.
ResponderEliminarFernanda, concordo com a Joana que o post é muito informativo sobre a metodologia e o seu potencial no desenvolvimento das aprendizagens significativas.
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