Desafios para a escola no séc. XXI


Recentemente foi lançado os resultados do estudo “Health Behaviour in School-aged Children” que é realizado também em Portugal. O estudo conclui que somos um dos países onde mais alunos revelam ter uma má relação com o ensino. Realizado de quatro em quatro anos em 51 países, o estudo indica que a percentagem de adolescentes em Portugal que dizem gostar da escola tem vindo a diminuir desde 1998, quando eram 87% dos estudantes, em 2002, em 2010 foram 76% e agora, 2022, 69,7%.

Como já viemos a afirmar neste blog, as transformações sociais do século XXI trazem para a escola novos desafios. Um mundo em constante mutação, o acesso rápido e fácil às informações, as mudanças no mercado de trabalho e os grandes problemas sociais com que as novas gerações já se começam a deparar, exigem a formação de cidadãos com competências que permitam pensar o mundo de forma crítica e ter uma postura ativa perante as constantes transformações tecnológicas e sociais. Tal não significa, como afirmam Costa e Couvaneiro (2019), criar uma dicotomia entre conhecimentos e competências, e sim saber combiná-los de acordo com os desafios atuais.

Com isto, pensar novas metodologias de ensino é decisivo para o futuro da escola. É preciso refletir sobre a prática pedagógica, na perspetiva dos que participam do processo do ensino e aprendizagem, tendo como foco o aluno.

Por isso, devemos pensar diferentes estratégias a serem adotadas, bem como as diferentes tecnologias que as podem sustentar. Gaspar e Roldão (2007) definem as fases a serem realizadas para a conceção de uma estratégia de ensino: analisar, integrar, colocar hipóteses, selecionar, organizar e decidir. As autoras concluem que “o que define a estratégia – tal como na guerra ou no desporto – é o facto de ser pensada para a especificidade de cada situação. Trata-se de uma ação interventiva e não reprodutiva ou aplicativa” (p.17).

Neste sentido, também a compreensão sobre o objetivo das avaliações em contexto de sala de aula deve ser repensada, sendo uma condição para construir uma metodologia de ensino para o mundo atual. Fernandes (2018) afirma que é fundamental entender que a avaliação é um processo que ajuda a avaliar o ensino e a aprendizagem e não apenas classificar, tendo como objetivo ajudar os alunos a aprender. Evidentemente, esta reflexão exige uma mudança de paradigma sobre a avaliação, uma vez que este está atravessado pela necessidade de classificação como uma exigência social e de acesso a outros níveis de ensino.

E devemos repensar, por que não, a organização da escola em si. Tanto do ponto de vista da falta de integração entre as disciplinas, da necessidade de maior flexibilidade, como também da forma como organizamos a sala de aula e a relação professor aluno e comunidade.

Dentro e fora da sala de aula, temos muito a fazer.



Referências:

Costa, J., & Couvaneiro, J. (2019). Conhecimentos vs. competências: Uma dicotomia disparatada na educação. (1ª ed.) Guerra e Paz.

Fernandes, D. (2018). Avaliação para as, e das, aprendizagens e qualidade da educação nas salas de aula [Webinar]. ERTE Webinar. https://www.youtube.com/watch?v=CwmOIm46cd8

GASPAR, M. I. & ROLDÃO. M. C. (2007) Elementos do Desenvolvimento Curricular. Lisboa: UA.

Word Health Organization (2022). Health behaviour in school-aged children. Lisboa. https://aventurasocial.com/wp-content/uploads/2022/12/HBSC_Relato%CC%81rioNacional_2022-1.pdf


Autora da publicação: Joana Leme, nº 24600.  


Comentários

  1. Os dados não mentem! Os estudantes gostam cada vez menos da escola e se isso acontece é porque algo tem de mudar! A escola tem de ser um lugar atrativo para os alunos! E o ensino tem de ser centrado no aluno! A muito trabalho a fazer, sem dúvida, mas o que é certo é que o ensino tem de mudar, precisa de evoluir! Obrigado por este post Joana!

    ResponderEliminar
  2. Obrigada pelo comentário José! Vamos juntos batalhar para que as coisas mudem!

    ResponderEliminar
  3. Post muito interessante. Li recentemente um texto do escritor Pedro Chagas Freitas intitulado "Falta Felicidade às Escolas", este espelha totalmente a realidade. Aconselho a leitura, no entanto, deixo aqui um pequeno excerto "...A culpa é de uma sala de aula que não evoluiu, que não se adaptou, que não soube mudar: que cristalizou e que tem medo de partir, que tem medo de fazer de novo, de criar de novo, de ser de novo."

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada Inês! Agradeço a sugestão de leitura, vou anotar ;)

      Eliminar
  4. Acho que uma coisa que acabaram por se esquecer nas escolas é que os alunos não passam de crianças, jovens, em constante mudança, crescimento... Falta cor, falta brincadeira, falta alegria, não só no recreio, mas dentro das salas de aula! Neste sentido, o foco do ensino tem de ser alterado, dar destaque aos alunos, desenvolver métodos inovadores a pensar neles, para os motivar, os fazer interessar novamente pela escola, pelos estudos! Muito obrigada pela partilha Joana, gostei muito do post!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Joana, concordo contigo, falta ter um ensino focado nos alunos. Obrigada pela comentário.

      Eliminar
  5. Excelente post Joana, na minha página fiz também uma reflexão sobre este mesmo estudo! Os dados não mentem, a escola necessita de se modernizar. Encher os alunos de kits tecnológicos não é suficiente para acompanhar a inovação. É preciso desenvolver competências verdadeiramente úteis na vida em sociedade.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada pelo comentário Sofia. É verdade, a modernização não é apenas da infraestrutura da escola, é também na metodologia.

      Eliminar

Enviar um comentário