Apresentação

Sou a Fernanda e nasci em Évora há 51 anos no dia 5 de fevereiro. Sou alentejana e eborense de alma e coração. Évora, justamente chamada de cidade museu e classificada como Património Mundial pela Unesco desde 1986, é para mim o meu lugar no mundo e, embora queira muito poder viajar mais do que o faço atualmente, é aqui que espero sempre voltar tal como se volta a um porto de abrigo.

E a Geografia? A Geografia sempre foi uma grande paixão desde que no meu sétimo ano de escolaridade a descobri através de um professor extraordinário do qual, infelizmente, não recordo mais o nome, mas de quem guardo memórias muito positivas. Vem desses primeiros anos de contacto com a Geografia o gosto pelo saber geográfico e a vontade de o aprofundar, maravilhada com o que nos acrescenta de conhecimento sobre este mundo incrível no qual temos o privilégio de viver e para o qual devemos ter um olhar de estima e de maravilhamento. Afinal como diz Carl Sagan: "os mundos são preciosos"!

A vida levou-me por outros caminhos. Como fui mãe muito cedo a escola ficou para trás e o meu percurso profissional desde há quase trinta anos tem sido na área da deficiência mental a exercer a função de auxiliar de ação direta. Trabalho que muito me preencheu de valores humanos inestimáveis, que me ajudou a crescer como ser humano e a desenvolver a empatia, a paciência, a tolerância. E a descobrir que gosto muito de trabalhar com pessoas, algo que julgo ser fundamental para a profissão de professor.

Mas e a Geografia? Bem, quando aos 40 anos decidi voltar a estudar optei pela Geografia, sim. Não parece uma decisão muito acertada, pois não? Afinal devia, e fazia mais sentido, escolher algo que fosse mais próximo do que fazia há tantos anos...mas eu não queria só retomar os estudo que tinha deixado há tantos anos para trás, queria também uma mudança e essa tinha que envolver também paixão. 

Assim, fiz a minha licenciatura na Universidade de Évora a qual conclui em 2016 com sucesso e com muita satisfação pessoal. Parecia que finalmente, como diz Sir Ken Robinson, tinha encontrado o meu "elemento", tinha chegado ao ponto em que, com a licenciatura, tinha (re)descoberto simultaneamente as minhas aptidões e a minha paixão. Mas não! Foram precisos mais uns anos para que isso sucedesse.

Quando soube através do Banco de Voluntariado da Fundação Eugénio de Almeida que a Universidade Sénior de Évora procurava voluntários para exercem a função de professores de Geografia não hesitei! Foi esse o momento de descoberta do meu "elemento". Nunca tinha aprofundado a ideia de ser professora, mas esta experiência, mesmo que em voluntariado, deu-me essa oportunidade. Afinal era esse o caminho, ser professora de Geografia! 

A decisão de ingressar num mestrado em ensino da Geografia estava tomada e, agora, por fim concretizada. Resta agora trabalhar para que se conclua com sucesso. Resta agora contornar algumas dificuldades que estavam previstas e outras que não tinha previsto, mas importantes aprendizagens que devem ser encaradas como tal, fontes de conhecimento e de crescimento. Fontes de liberdade, pois como sabemos o conhecimento sempre nos liberta e nos impulsiona para a frente, para aquilo que temos potencial de ser, para o nosso elemento.

Robinson, K. (2021). O Elemento, como tudo se transforma quando descobrimos a nossa paixão (1ª Edição). Editora Lua de Papel. 

Templo Romano, Évora